terça-feira, 10 de agosto de 2010

Proposta Irrecusável - Abby Green


Após ser ignorada em suas tentativas de entrar em contato com Dante D'Aquanni, Alicia Parker aparece em sua villa na Itália acompanhada pela imprensa e afirmando que ele é o responsável pela gravidez de sua irmã. Dante fica furioso. Ele conhece o tipo dela, e a fará pagar pelo insulto!

Ao descobrir que Dante não era o amante de sua irmã, Alicia precisa compensá-lo de alguma forma, e ele quer mais do que meras desculpas. Ele quer a própria Alicia.

Ele a leva para seu mundo de glamour, mas a ardente atração entre os dois não é suficiente para impedi-la de partir... pois Alicia está se apaixonando por um homem por quem jamais será amada...


Clique em leia mais para ver 1º capitulo ou baixe Aqui
CAPÍTULO

— Se tivesse engravidado alguém, eu saberia. Mesmo assim, não seria da sua conta, já que é uma completa estranha. Agora tire as mãos de cima de mim!
Alicia Parker ficou assustada com a reação violenta do homem e afastou a mão que repousara em um braço dele para forçá-lo a parar. Ao mesmo tempo encarou o rosto que exibia feições contrariadas e quase perdeu o fôlego: era o homem mais bonito que já vira em toda sua vida! Alto, forte, moreno e... sexy. Muito sexy!
Os olhos escuros a olhavam com frieza e perplexidade. Provavelmente indignado com a ousadia daquela mulher e suas ridículas acusações. Ela nem mesmo pertencia ao seu círculo social! Deveria tratar-se de uma completa maluca para abordá-lo daquele jeito.
Só o olhar furioso daquele homem arrogante seria o suficiente para intimidar qualquer um. Mas não Alicia. Ela não estava disposta a desistir tão facilmente.
Ela apenas observou quando Dante D'Aquanni, de maneira calma e desdenhosa, alisou a manga do paletó com a palma de uma das mãos para apagar as marcas dos dedos femininos que marcavam o tecido de altíssima qualidade. Em seguida, acenou para os seguranças e prosseguiu no caminho para fora do edifício gigantesco onde ficavam seus escritórios em Londres.
Alicia foi cercada imediatamente pelos guarda-costas e num piscar de olhos estava sozinha e no meio da chuva.
O que acabara de acontecer lhe parecia fruto da imaginação ou um pesadelo.

Infelizmente, o encontro com Dante D'Aquanni, uma semana antes, não se tratava de nenhum sonho ruim. Era a mais pura realidade. Tanto que era o principal motivo pelo qual ela agora seguia a estrada com destino ao lago Como, na Itália, com um carro alugado pelo hotel onde se hospedara e que ficava próximo da região. Enquanto dirigia, Alicia ainda se lembrava do frio que sentira quando suas roupas ficaram encharcadas por causa da chuva que apanhara no dia do último encontro com o homem que nem sequer lhe dera ouvidos. Mas agora tinha certeza de que o obrigaria a escutar o que precisava lhe dizer.
O sol já havia se escondido no horizonte, mas o firmamento ainda mantinha uma coloração violeta-alaranjada.
O momento mágico em que o dia se transforma em noite raramente é admirado nas cidades. Mas ali, na vastidão das planícies que cercavam a rodovia, a beleza da hora ficava exposta em toda a sua magnitude.
Alicia estava apavorada, mas não se deixaria abater por causa da influência e do poder financeiro de Dante D'Aquanni. Encontrava-se em um lugar estranho, onde nem imaginaria estar naquele momento, mas nada no mundo a faria desistir.
Ela piscou algumas vezes para afugentar o sono dos olhos cansados pela noite mal dormida. Estava exausta e à beira de um estresse. Mas não podia se dar ao luxo de descansar, antes de tirar toda a história a limpo. O vexame que ele a fizera passar servira para aumentar a coragem de procurá-lo novamente.
E também não haveria outra maneira de forçá-lo a assumir a responsabilidade pela gravidez da irmã. A imagem da pequena Melanie, com as faces tão pálidas quanto à alvura dos lençóis de Unho da cama do hospital, não lhe saíam da mente, por mais que se esforçasse. As lágrimas quase lhe saltavam dos olhos ao recordar os tubos e aparelhos ligados ao corpo miúdo e indefeso. Se o pior lhe acontecesse... Alicia seria capaz de...
Não. Ela não permitiria que nada de pior acontecesse, nem que para isso precisasse ir até o final do mundo para falar com aquele homem. E Alicia estava desesperada. Precisava de dinheiro para poder proporcionar o melhor tratamento para salvar a irmã e a criança. E Dante D'Aquanni haveria de fazer parte da seqüência de acontecimentos que envolveram Melanie, ainda que fosse apenas com a questão financeira.
A irmã havia sofrido um terrível acidente de carro quando dirigia para ir ao encontro de Dante D'Aquanni. Felizmente ela sobrevivera, embora com algumas fraturas e ferimentos internos. Pelo fato de estar grávida, o quadro se tornava mais complicado e a solução mais segura seria a de transferi-la para o centro especializado em recuperação de grávidas acidentadas, que ficava em Londres, mas que não aceitava planos de saúde. Alicia sabia muito bem o quanto deveria custar um tratamento particular em uma clínica daquele gabarito.
Sem nenhuma família além da irmã e sem amigos que pudessem bancar uma soma de dinheiro tão alta, a única solução seria a de convencer Dante D'Aquanni a assumir a paternidade da criança e financiar o gasto com a recuperação de Melanie e do filho que estava para nascer.
A enfermeira que cuidava de Melanie era uma antiga colega de Alicia, dos tempos de treinamento em enfermagem, e havia lhe assegurado que o quadro da irmã era estável. Diante da promessa da amiga em ligar imediatamente em caso de qualquer alteração, Alicia teve a coragem de se aventurar no encalço do homem responsável pela gravidez da irmã.
Logo pela manhã, já havia estado na mansão que ele mantinha nos arredores do lago Como. Ele não se encontrava lá e a única pessoa que ela avistara nos degraus da entrada do palacete era uma moça morena e de beleza estonteante.
Mais tarde, quando soube que ele estava em um hotel luxuoso na beira daquela mesma rodovia, seguiu para lá e estacionou num local estratégico de onde pudesse ver os hóspedes muito bem vestidos que entravam ou saíam através da porta dupla envidraçada que dava acesso ao salão de recepção do hotel. Aguardou por horas.
Nada.
Alicia beliscou o lábio inferior, orando para que não o tivesse perdido.
De repente, o olhar ansioso captou a imagem do manobreiro estacionando um carro prata na entrada principal. Era o carro dele! Ela remexeu-se no assento e apurou a visão: Dante D'Aquanni, usando um smoking e acompanhado da linda morena que agora trajava um vestido longo vermelho e que a deixava ainda mais deslumbrante, desciam as escadas na direção do carro.
Alicia ficou revoltada. Sabia que Melanie era uma moça bonita, mas nem ela e nem a irmã poderiam sequer imaginar que poderiam fazer frente a uma moça com o estilo daquela morena. E estavam muito longe de alcançar o patamar social do homem extremamente poderoso e carismático. Não era à toa que ele havia descartado Melanie com tanta facilidade!
O manobreiro abriu a porta do carro conversível. Após entregar discretamente uma gorjeta ao rapaz e dar um beijo rápido no rosto da acompanhante, Dante D'Aquanni entrou no veículo e saiu acelerado.
Com as mãos trêmulas, Alicia ligou a ignição do motor de seu carro e apressou-se na perseguição dele. Antes, porém, teve oportunidade de observar as feições contrariadas da morena que subia os degraus de volta à suíte, de onde, provavelmente, os dois teriam saído pouco antes.
E agora, ao cair da noite, ela dirigia novamente em direção ao lago Como, para onde o carro esportivo de cor prata que ela avistava adiante se encaminhava. Lembrava-se da maneira fria como ele havia descartado a moça morena. Aquele homem deveria ter uma pedra no lugar do coração. Deveria achar que poderia destruir os sentimentos de qualquer mulher e sair da situação sem o menor remorso.
Naquele instante, o celular posto no banco do passageiro tocou insistentemente. Alicia verificou que não conhecia o número identificado, mas mesmo assim atendeu:
— Apenas me escute — uma voz masculina soou. — Conversarei com você quando chegarmos perto da mansão de Dante D'Aquanni.
Alicia olhou no retrovisor e, ao ver que um carro a seguia, praguejou baixinho. Havia se esquecido dos seguranças. Mas não estava disposta a permitir que estragassem seus planos. Não poderia fraquejar agora. Não depois de ter tido tanto trabalho em descobrir onde Dante D'Aquanni iria passar os feriados, dentre suas inúmeras casas de veraneio.
A lua cheia banhava a região com seus raios prateados e promovia uma fantástica visão, porém Alicia não podia distrair a atenção das lanternas do carro que seguia adiante do dela, nem mesmo por um minuto.
Assim que se aproximaram dos muros que cercavam a mansão, ela observou o carro prata entrar e os portões serem trancados. Dirigiu-se para o lugar onde estacionara pela manhã, parcialmente escondido pela copa frondosa e baixa de uma árvore e desligou o motor. Aguardou por alguns momentos até avistar que o carro que a seguia se aproximava.
Enquanto isso, os pensamentos devanearam para o dia em que descobriu o que havia acontecido com a irmã. Ela nem mesmo sabia da gravidez de Melanie até o dia em que retornou da África e seguiu direto para o hospital, após uma série de mensagens alarmantes em seu celular e na secretária eletrônica do telefone fixo do apartamento.
Desde que a melhor amiga de Melanie, que sabia tudo a respeito dela, estava viajando em férias, a equipe do hospital teve dificuldade em localizar Alicia para informar-lhe do ocorrido.
Os pensamentos de Alicia se concentraram nas únicas palavras que conseguira ouvir da irmã, em pleno delírio febril. E era por isso que estava ali com tanta convicção.
— Preciso lhe contar, Alicia. Eu estava indo para ver... para falar com Dante D'Aquanni... Ele é o...
— Está querendo me dizer que ele é o responsável pela sua gravidez?
Melanie afundara a cabeça no travesseiro mais uma vez. As frases eram entrecortadas e quase sem sentido.
— Eu sairia da empresa se ele quisesse... só esperava que... — Ela fechou os olhos por alguns segundos e as faces se tornaram mais pálidas. — Preciso que você o encontre. Preciso que ele... Oh, Lissy! Eu o amo tanto e ele o mandou embora...
A febre estava tão alta que a pobre irmã provavelmente estaria dizendo coisas incoerentes, pensara Alicia. Era óbvio que Melanie queria dizer que ele a mandara embora. Os fatos eram confusos, mas Alicia conseguira reunir os pedaços do quebra-cabeça, sem muita dificuldade: A irmã tivera um caso com Dante D'Aquanni, o dono da empresa, e agora, ele queria livrar-se dela, inclusive exigindo que abandonasse o trabalho na firma.
O que mais Alicia lamentava era não ter estado ali quando a irmã mais precisara dela. Talvez até tivesse evitado o acidente. Pelo menos se tivesse ligado mais vezes... Só sabia que Melanie tinha alguém na empresa onde trabalhava e por quem estava apaixonada. Nunca dissera o nome dele para proteger a privacidade do homem que lhe roubara o coração... e a inocência.
Após tentar em vão entrar em contato com a melhor amiga de Melanie, para poder saber algo mais sobre o amante secreto que a irmã sempre tentara proteger e que não passava de um hipócrita da pior espécie, Alicia recorreu à Internet para se informar sobre os hábitos de Dante D'Aquanni.
O ruído do motor do veículo que a seguia e que agora estacionava atrás do seu carro, interrompeu-lhe os devaneios. Ela jogou os cabelos para trás, apanhou a bolsa e enfiou o celular dentro. Depois, muniu-se de um bastão de beisebol e saiu do carro. Reunindo toda a coragem que possuía e com a visão da irmã em sua mente, caminhou decidida na direção dos dois homens que a aguardavam do lado de fora do outro veículo.

Dante D'Aquanni freou bruscamente na porta de entrada da mansão. Alguns cascalhos do pavimento voaram com o impacto. O sentimento de alívio que ele sentia era enorme. Saltando do carro sem nem sequer abrir a porta, ele apressou-se em subir os poucos degraus da entrada da mansão e, após trocar algumas palavras com a governanta que o aguardava na entrada, sentiu-se feliz em adentrar no lugar que considerava seu refúgio favorito.
Recordou das súplicas de Alessandra para trazê-la junto com ele para a mansão. Inclusive dos sussurros eróticos e promessas de prazer que ela lhe confidenciara, enquanto desciam a escadaria do hotel. Porém, aquilo só fez com que ele a dispensasse mais rápido.
Servindo-se de um drinque, ele seguiu para o terraço dos fundos da sala, onde a vista do lago era belíssima e funcionava como um bálsamo para sua mente atribulada. Alessandra Macchi era, sem dúvida, uma das mulheres mais bonitas de toda a Itália. E ela não fazia nenhuma questão de esconder seu interesse em Dante D'Aquanni.
Ele comprimiu os lábios em sinal de censura. Interesse em seu dinheiro, isso sim!
Alguns dias antes, logo que chegou ao lago Como e se dirigira a um quiosque próximo para tomar um refresco, Alessandra apareceu e aproximou-se dele com a velha história do "será que o conheço de algum lugar"! Ele deveria estar cego ou coisa parecida para acreditar naquele chavão. O fato é que naquela tarde acabou cedendo a um impulso e foi até o hotel onde Alessandra se hospedava para levá-la para jantar. Depois permitiu que ela o seduzisse.
Desolado, alisou com dois dedos de uma das mãos a profunda ruga que se instalara entre as espessas sobrancelhas.
O que havia de errado com ele? Normalmente nunca se arrependia de nada que fazia. Sempre pesava os prós e contras de cada decisão que tomava. Alessandra era exatamente o tipo de mulher que o agradava. Bonita, educada e experiente. Não estava atrás de compromissos, pelo menos era o que ela dissera. Então por que razão o encontro foi para ele tão enfadonho, tão mecânico e... insatisfatório?
E quando ela aventou a hipótese de vir com ele para a mansão, um arrepio de repulsa percorreu-lhe a pele só com o pensamento. Com certeza ela não ficara feliz com a rejeição dele, mas agir de maneira rude seria a única alternativa que produziria o efeito que ele desejava. Além do mais, sabia que mulheres como Alessandra são capazes de superar com facilidade esses episódios.
Congratulando a si mesmo pela escapada estratégica, sorveu o último gole da bebida e abandonou a varanda. Ao entrar na sala ouviu o som de vozes alteradas e a governanta no vão da porta de entrada protestando com veemência. Quem estaria querendo entrar em sua casa sem ser convidado?
Dante ficou em estado de alerta e todos os músculos do corpo enrijeceram. Era algo que não lhe acontecia há muito tempo. Sem querer lembrou-se dos constantes perigos que enfrentara nas ruas escuras de Nápoles, onde morara. Mas tudo aquilo fazia parte de um passado distante e que agora ele fazia questão de esquecer.

Alicia estava tentando resolver as coisas com calma, mas o repórter e o fotógrafo que estavam com ela não tinham a mesma polidez. A pobre governanta parecia tão amedrontada que se esforçava para não bater a porta na cara deles. O que mais Alicia desejava no momento seria saber falar no idioma italiano para poder tranqüilizar a mulher e explicar que a única coisa que queriam era falar com Dante D'Aquanni.
E Alicia sabia que precisaria agir rápido. Era uma questão de tempo para que os seguranças aparecessem. Embora eles tivessem entrado através de um buraco no muro que ela havia descoberto antes, e caminhado em meio aos arbustos em total silêncio, o vozerio que se instalara agora, na certa chamaria a atenção dos guardas.
De repente, Dante D'Aquanni surgiu e com algumas palavras dispensou a governanta e assumiu o controle da situação. A presença imponente do homem bastou para que todos se calassem. Ele avançou um passou e fechou a porta atrás de si. Depois cruzou os braços frente ao peito e aguardou pelas explicações. Os olhos escuros finalmente repousaram nos dela.
Alicia sentiu as palavras se entalarem na garganta ao deparar com o olhar intimidante dele e engoliu a saliva por várias vezes. Será que ele a reconhecera?
O repórter resolveu quebrar o silêncio:
— Signor D'Aquanni, por acaso conhece essa mulher?
Dante afastou qualquer hipótese de perigo. Ele conhecia bem os paparazzi da região. Só estava indignado com a audácia de invadirem sua propriedade daquela maneira. E, com certeza a culpa seria daquela mulher. Porém, quando repousou os olhos nela, recordou que era a mesma pessoa que o assediara na saída do edifício onde ficavam seus escritórios, em Londres. Ela emergira por detrás de uma coluna e lhe barrara o caminho. A moça era tão miúda que ele quase a atropelou. Ficou admirado de ter gravado a imagem dela, uma vez que considerado o aspecto feminino, ela não lhe despertara a mínima atração. A única coisa que ele notava somente agora eram os olhos bonitos e acastanhados, perfeitamente delineados por longos cílios. E que no momento o olhavam com espanto e não ameaça.
— Sim. Eu a conheço — respondeu Dante, lacônico. Então ele a tinha reconhecido, concluiu Alicia. Será que também se lembrava do que ela lhe havia dito? Ela sacudiu a cabeça para afastar a insegurança que o olhar frio daquele homem lhe provocava e decidiu que iria despejar toda a história. Esse era o melhor momento. Mesmo que ele os expulsasse dali, daria tempo para que as fotos fossem tiradas. O repórter teria sua história e Dante seria obrigado a tomar conhecimento de tudo que ela precisava falar. Seria forçado a pensar em Melanie e da maneira como a dispensara. Provavelmente como fizera com ela própria e a morena que o acompanhava no hotel naquela tarde. Ela abriu a boca para começar a falar, mas antes disso o repórter se adiantou:
— Sua pequena amiga disse que tem uma ótima história para nos contar.
Dante enrijeceu as feições ao perceber o olhar da mulher se enfurecer, e num relance ele se lembrou das acusações que ela lhe fizera naquele desastrado encontro, quando saía do escritório, em Londres: "Você engravidou minha irmã e se pensa que vai se sair disso sem arcar com suas responsabilidades está muito enganado". Aquela acusação era tão absurda que ele nem mesmo tomou conhecimento. E nem precisava se preocupar. Não havia namorado ninguém em Londres. E tinha certeza de que nenhuma de suas amantes mantinha qualquer relação com aquela mulher. Afinal, ele era um bilionário e suas escolhas muito bem feitas para evitar qualquer tipo de escândalo. Inúmeras mulheres já haviam tentado lhe dar algum tipo de golpe, como provavelmente ela estaria fazendo. Contudo, não havia tempo para averiguar imediatamente quem ela era ou de onde tinha vindo. Talvez fosse uma das funcionárias de seus escritórios...
Assimilando essas idéias em questão de segundos, ele também deduziu que se ela o seguira até ali evidentemente se tratava de algum tipo de chantagem e ela não iria desistir tão fácil. E o pior seria o quanto ela poderia prejudicar sua imagem com aquela tola audácia.
Ele precisava encontrar um jeito de impedi-la. E rápido.
— Esse homem... — Alicia começou a falar com firmeza. Porém sentiu que a voz saiu muito baixa. E, para piorar, um cão começou a latir. Ela girou a cabeça e viu que um dos seguranças se aproximava acompanhado de um cachorro enorme que ele se esforçava para manter seguro na coleira. Ela não tinha muito tempo para dizer o que tinha em mente. Empinou o nariz e encarando Dante D'Aquanni, tentou outra vez: — Esse homem é responsável por...
Antes que terminasse a frase, seus lábios foram atracados com fúria por uma boca masculina que a calou imediatamente. A surpresa foi tão grande que ela ficou desorientada e sentiu o chão sumir. Literalmente. Dante D'Aquanni a suspendeu com seus poderosos braços e aninhou-a no peito imenso, não lhe dando a mínima chance de reação.
Quem sabe se por sentir o odor masculino ou a rigidez do tórax colado ao seu peito, ou então, o sabor do beijo quente e úmido, a verdade foi que Alicia percebeu que toda a indignação desaparecera e que ela começava a se derreter naqueles braços gigantes.
Quando Dante abandonou o beijo e baixou o olhar para o rosto miúdo e notou os arranhões provocados pelos arbustos contra a pele sedosa, as razões que o levaram a tomar aquela atitude agora lhe pareciam confusas. Os olhos grandes e de um castanho cristalino, agora vistos mais de perto, eram a coisa mais linda que já presenciara em uma mulher. Os lábios róseos e cheios exibiam uma sensualidade inacreditável. De onde surgira aquela ninfa? Será que enlouquecera em questões de segundos?
O segurança gritou algumas palavras e o som daquela voz fez com que Dante recuperasse a sanidade de repente. Ao perceber que segurava a mulher contra o peito e no ar, instintivamente pretendeu devolvê-la ao chão. Entretanto, agiu de maneira tão brusca que ao relaxar a força dos braços, o corpo dela deslizou sobre o dele até pôr os pés no chão. Foi só aí que ele percebeu o quanto estava excitado ao sentir o roçar da maciez feminina sobre sua rigidez.
Dante sabia que por mais que quisesse mandar a estranha se reunir aos paparazzi algo inexplicável o impedia. Também não conseguia explicar por que instintivamente resolvera calar a moça usando um beijo como única opção.
Um segurança de físico avantajado surgiu e, agarrando os jornalistas pela nuca, começou a conduzi-los para fora da entrada da mansão. O repórter ainda gritou:
— O senhor foi visto hoje com Alessandra Macchi. O que está acontecendo? Não vai nos contar quem é sua nova namorada? Não irá demorar em descobrirmos e...
Dante preferiu nada responder. Porém de uma coisa estava certo: não poderia cometer a tolice de permitir que aquela mulher fosse embora. Não desta vez. Primeiro precisaria ir até o fundo da questão e descobrir a origem das acusações que ela lhe fazia. E também evitar a todo custo uma publicidade negativa da imprensa que pudesse atrapalhar os negócios que seriam concluídos na semana seguinte.
Repassando na mente os recentes acontecimentos, ainda não entendia a razão de ter agido de maneira tão fora de propósito ao beijar a estranha. Ainda bem que a essa altura os seguranças já deveriam ter confiscado as câmeras dos jornalistas e deletado as fotografias. Porém, com o constante avanço da tecnologia, Dante não poderia ter certeza se os paparazzi não se utilizaram de outros meios para obter as imagens que não através das câmeras.
Como um raio que atravessa os céus em milésimos de segundos, Dante caiu na realidade: Ele beijara a mulher na frente deles! Nem seria preciso a foto!
— Espere! — A voz dele saiu em tom de comando e o segurança estacou.
Alicia queria dizer alguma coisa, mas o beijo de Dante a deixara tão atordoada que ela permanecia imóvel ao lado dele.
— Sabe de uma coisa, jornalista? Saí com Alessandra Macchi apenas para provocar ciúmes em minha nova namorada. — E, inclinando a cabeça, ele roçou os lábios nos de Alicia para provar suas palavras. Depois ostentou um sorriso maroto e exclamou: — E posso garantir que funcionou!
Os repórteres ficaram boquiabertos.
Alicia permanecia calada por conta da surpresa. Dante D'Aquanni merecia ganhar um "Oscar" por conta da atuação, ela pensava. Mas não deixou de notar no brilho dos olhos dele um misto de indignação e frieza.
— Como a conheceu? — gritou um dos jornalistas.
— Bem, um homem tem direito a manter algumas coisas em segredo. E foi por isso que consegui manter por muito tempo esse relacionamento distante da mídia.
Depois que o segurança conduziu os repórteres para fora da mansão, Dante suspirou aliviado. Pelo menos tinha lhes dado uma história que não lhe traria conseqüências desastrosas. Só então ele se dirigiu de maneira severa para Alicia:
— Acho que é desnecessário dizer que essa é a última vez que invade a minha privacidade.
Alicia sentiu as pernas bambearem. Como pôde ser tão ingênua a ponto de pensar que seria fácil pressionar um homem como Dante D'Aquanni?

Nenhum comentário:

Postar um comentário